om certeza você já ouviu frases como “gravidez e gato não combinam”, “gato passa doença”, “gato pode te deixar cego por doença da urina”, não é mesmo? Mas afinal, em que realmente o gato está envolvido? Ele é realmente o vilão dessa história?
No texto de hoje trazemos informações verdadeiras e importantes sobre a toxoplasmose e o verdadeiro papel do gato!
Esclarecendo o que é a toxoplasmose
A toxoplasmose é a doença causada pelo Toxoplasma gondii, um protozoário capaz de infectar diversas espécies de mamíferos, como aves, roedores, gatos, humanos e também animais de produção, como vacas, ovelhas e porcos.
O T. gondii possui diversas fases em seu ciclo de reprodução (taquizoítos, bradizoítos, oocistos). Os taquizoítos correspondem à fase de multiplicação nos tecidos, causando as lesões e a sintomatologia da doença.
Os bradizoítos são correspondentes à fase de multiplicação mais lenta e em que o protozoário fica armazenado nos tecidos (fase de latência que pode ser reativada perante uma queda da imunidade). Essa fase é a que contamina os músculos de pequenos mamíferos e contamina os gatos.
Já os oocistos são a fase correspondente ao “ovo” do toxoplasma. Nesses oocistos há estruturas que se desenvolvem (esporozoítos) e são infectantes. Os oocistos são eliminados nas fezes dos felinos.
Como funciona o ciclo de transmissão
O ciclo de transmissão do T. gondii se inicia com a ingestão de bradizoítos, que podem estar presentes em músculos de presas (ratos e aves) pelo gato, que é o caçador natural desses animais.
Dentro do gato, esses bradizoítos se reproduzem e passam para a forma de oocistos, que são liberados no ambiente através das fezes. Essa fase pode demorar de 3 a 10 dias após a contaminação do gato. O felino libera esses oocistos por um período de 1 a 3 semanas.
Essas fezes contaminadas com os oocistos necessitam ficar no ambiente adequado e favorável por cerca de 1 a 5 dias. Esse ambiente deve possuir a temperatura ideal e específica, o pH adequado e a umidade ideal para que os oocistos liberem efetivamente os esporozoítos, responsáveis pela infecção ativa dos outros indivíduos.
Animais que pastam ou ciscam e pessoas que manipulam diretamente o solo, como jardineiros, agricultores ou mananciais próximos, podem se contaminar diretamente com esses oocistos.
Afinal, qual o papel do gato no ciclo da toxoplasmose?
Diariamente vemos o gato como o vilão e principal responsável pela toxoplasmose, não é mesmo? Mas afinal, como ele realmente contribui para esse ciclo e qual o risco que eles representam?
Antes de tudo, é importante ressaltar e salientar que: o contato direto com o seu gato não transmite a toxoplasmose! Se atente ao ciclo, como ocorre a infecção e o que é necessário no ambiente para efetivar a contaminação.
Os gatos são os únicos hospedeiros definitivos, ou seja, os únicos hospedeiros em que T. gondii consegue se reproduzir de forma total (sexuda) e liberar seus oocistos. Os bichanos se contaminam apenas uma vez na vida, pois após essa primeira contaminação, eles desenvolvem anticorpos que previnem novas infecções.
Os gatos de livre acesso à rua e caça livre de pequenos roedores e pássaros estão mais sujeitos a essa contaminação e integram o ciclo do protozoário. Logo, se seu felino vive domiciliado, tem pouco hábito de caça e está com os cuidados veterinários em dia, as chances dele integrar esse ciclo são mínimas.
Além de tudo que integra o complexo ciclo do T. gondii, para você se contaminar através do seu gato é preciso que: você manipule diretamente as fezes e a caixa de areia do seu gato (que deve estar contaminado, ou seja, que tenha comido um pássaro ou rato contaminado nos últimos 10 a 12 dias) com a mão e, em seguida, insira a mão suja e contaminada nos olhos ou na boca.
Vias de contaminação da toxoplasmose
As principais vias de contaminação ocorrem principalmente por carne mal cozida ou passada, verduras e legumes não higienizados da forma adequada e laticínios que não passam pelo processo de pasteurização adequado. Esses itens podem estar contaminados com as versões de oocistos, taquizoítos e bradizoítos que podem causar os sinais clínicos mais comuns.
Dificilmente uma pessoa se contamina através do gato, pois como citado anteriormente é preciso ter o contato direto com as fezes contaminadas, o que pode ser facilmente evitado com medidas básicas de higiene, como lavar bem as mãos com água e sabão antes de comer e após manipular os resíduos fecais.
Sintomas em gatos e humanos e riscos na gravidez
A toxoplasmose causa diversos sinais em todas as espécies infectadas, sendo que há maior preocupação com as mulheres grávidas, já que a transmissão transplacentária pode ocorrer e trazer graves complicações ao bebê em formação.
Os sinais clínicos em gatos são: anorexia (não se alimentar), perda de peso, letargia, febre, sinais oculares (glaucoma, inflamação ocular, descolamento de retina), vômitos, diarreias, entre outros tantos sinais. A manifestação desses sintomas não é comum e geralmente está associada a gatos imunossuprimidos.
Em humanos a toxoplasmose pode ocorrer de forma assintomática (sem sintomas) ou sintomas brandos similares a uma gripe, com febre, diarreia, mal estar e em alguns casos sinais neurológicos e musculares. A transmissão transplacentária é mais grave e pode causar no bebê complicações como cegueira congênita, hidrocefalia, alterações oculares como estrabismo e uveítes, entre outros.
Diagnóstico, tratamento e prevenção
O diagnóstico da toxoplasmose é desafiador e muitas vezes não confirmatório, pois dificilmente pega-se exatamente o momento de replicação do protozoário. Já o tratamento é baseado de acordo com os sinais clínicos apresentados, tanto em gatos e humanos.
O melhor caminho é a prevenção da contaminação, tanto para você diretamente, quanto para prevenir a contaminação do gato. Por isso, busque sempre manter seu bichano em casa para impedir a predação de pequenos animais que possam estar contaminados, busque sempre pela boa alimentação e evite alimentá-lo com carnes cruas de origem duvidosa.
Na manipulação de caixas de areia, solo (agricultura e jardinagem) e de alimentos (principalmente verduras e legumes) sempre realize medidas de higiene, como utilizar luvas, lavar as mãos com água e sabão, deixar as verduras e legumes de molho em água sanitária. Não consuma também carnes mal passadas ou cruas de origem duvidosa.
Mulheres grávidas que estejam com receio de manipular a caixa de areia de seu gatinho, podem requisitar o auxílio de terceiros ou utilizar luvas descartáveis ou de limpeza para prosseguir com a limpeza da mesma. Reforçando que o contato direto com seu gato durante a gravidez não caracteriza real risco de contaminação!
Nunca, jamais ou em hipótese alguma doe ou abandone seu gatinho em caso de gravidez! Eles fazem sim parte do ciclo do toxoplasma, mas não são os transmissores reais da doença! O consumo de alimentos e água contaminados são os verdadeiros vilões, por isso reforce medidas de higiene e de alimentação.
De toda forma, mantenha o check-up do seu gatinho em dia. Assim, você garante a saúde dele e de toda a família. A Guiavet, uma plataforma completa de saúde preventiva de cães e gatos, pode te ajudar. Baixe agora o app gratuitamente e faça o acompanhamento periódico do seu pet!