eishmaniose Visceral Canina (LVC) é uma doença infecciosa grave causada pelo protozoário Leishmania infantum (também conhecida como Leishmania chagasi na América Latina).
É considerada uma zoonose, pois afeta tanto cães quanto humanos, e os cães são os principais reservatórios do parasita.
A LVC é uma das doenças parasitárias mais importantes em regiões tropicais e subtropicais.
1. Incidência:
Brasil:
O Brasil é um dos países mais afetados pela LVC, concentrando cerca de 90% dos casos registrados nas Américas.
As regiões Nordeste e Centro-Oeste são as mais endêmicas, com cidades como Teresina (PI), São Luís (MA) e Campo Grande (MS) apresentando altas taxas de incidência.
Em 2022, foram registrados mais de 3.000 casos humanos, com a mortalidade variando entre 5% e 10%, e dezenas de milhares de cães infectados.
Mundo:
Globalmente, a LVC é endêmica em mais de 70 países, sendo a Índia, Bangladesh, Sudão e Brasil os países mais afetados.
Estima-se que cerca de 200.000 a 400.000 novos casos humanos ocorrem anualmente, com uma prevalência significativa em cães em áreas endêmicas.
2. Formas de Transmissão:
A LVC é transmitida principalmente pela picada de fêmeas infectadas do mosquito flebotomíneo, especialmente do gênero Lutzomyia na América Latina.
Reservatório:
Os cães são os principais reservatórios do protozoário, sendo que uma vez infectados, podem transmitir a doença durante toda a vida, mesmo que não apresentem sintomas evidentes.
Outras formas de transmissão:
- Transmissão vertical (da mãe para os filhotes durante a gestação).
- Transfusão de sangue infectado.
3. Causas:
A causa principal da LVC é a infecção pelo protozoário Leishmania infantum. O ciclo de vida do parasita envolve dois hospedeiros:
- Hospedeiro vertebrado (cão e humanos): onde o protozoário se desenvolve na forma de amastigota dentro de células do sistema fagocítico mononuclear (como macrófagos).
- Hospedeiro invertebrado (mosquito flebotomíneo): onde o protozoário se desenvolve na forma de promastigota no intestino do mosquito e migra para a probóscide.
4. Ciclo de Vida do Protozoário:
1. O mosquito flebotomíneo pica um cão infectado, ingerindo macrófagos com amastigotas.
2. No intestino do mosquito, as amastigotas se transformam em promastigotas.
3. As promastigotas se multiplicam, migram para a probóscide do mosquito e são inoculadas em um novo hospedeiro vertebrado (cão ou humano) durante uma nova picada.
4. No hospedeiro vertebrado, as promastigotas invadem os macrófagos, onde se transformam em amastigotas e se multiplicam, completando o ciclo.
5. Principais Sintomas em Cães:
Iniciais:
- Perda de peso progressiva.
- Apatia e diminuição da atividade física.
- Alopecia (perda de pelo) principalmente ao redor dos olhos, focinho e orelhas.
Avançados:
- Úlceras cutâneas.
- Crescimento anormal das unhas (onicogrifose).
- Linfadenopatia (aumento dos linfonodos).
- Esplenomegalia (aumento do baço).
- Anemia e outros sinais de comprometimento sistêmico.
6. Sinais Clínicos Patológicos:
A Leishmaniose Canina pode causar os seguintes sintomas:
- Lesões dermatológicas (úlceras, descamação, alopecia).
- Hepatomegalia e esplenomegalia observadas em exames de imagem.
- Anemia e trombocitopenia observadas em hemogramas.
- Proteinúria (perda de proteínas na urina), indicando comprometimento renal.
- Infiltração de macrófagos infectados por Leishmania em órgãos como fígado, baço e medula óssea.
7. Formas de Prevenção:
Controle do vetor:
- Uso de inseticidas e repelentes em áreas endêmicas.
- Uso de coleiras impregnadas com deltametrina ou flumetrina, que possuem efeito repelente contra flebotomíneos.
- Instalação de telas em portas e janelas para impedir a entrada de mosquitos.
Vacinação:
Já foram produzidas vacinas que prometiam reduzir o risco de infecção em cães, como a Leish-Tec e a CaniLeish, mas estas não garantem 100% de proteção. Porém, ambas foram recolhidas do mercado brasileiro, e atualmente não temos mais vacinas contra a doença liberadas no país.
Cuidados com o ambiente:
Mantenha quintais limpos e sem acúmulo de matéria orgânica, onde os mosquitos podem se proliferar. Evite a permanência de cães em áreas de risco durante o período de maior atividade dos flebotomíneos (crepúsculo e noite).
8. Controle da Leishmaniose Visceral Canina:
Diagnóstico precoce e tratamento:
Testes sorológicos e moleculares (PCR) são usados para detectar a presença do parasita em cães.
O tratamento com antimoniais pentavalentes, alopurinol e miltefosina pode reduzir a carga parasitária, mas não elimina completamente o protozoário, e os cães tratados continuam a ser fontes de infecção.
Eutanásia de cães infectados:
Em muitos países, incluindo o Brasil, a eutanásia de cães infectados alguns anos atrás era uma medida recomendada para o controle da doença, embora seja um tema controverso entre especialistas e tutores de animais. Hoje já existem formas de tratamento eficazes e controle da doença. Sempre é importante reforçar que sempre deve ser acompanhada de forma cuidadosa por um Médico Veterinário.
Educação em saúde:
Campanhas de conscientização sobre a importância do controle da LVC e a proteção dos animais de estimação são fundamentais em áreas endêmicas.
Caso o seu Pet tenha compatibilidade em algum desses sintomas, tenha leishmaniose positiva ou queira realizar avaliação e exames de check-up chame a Vet!