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a jornada compartilhada entre nós humanos e animais de estimação, há um compromisso intrínseco de proporcionar a eles um ambiente seguro e saudável. Nesse cenário, surge uma decisão que impacta não apenas o presente, mas também o futuro dos nossos amigos de quatro patas: a Castração. 

Seja você um tutor de longa data ou alguém que acaba de abrir as portas de casa para um novo amigo, é compreensível que o medo da cirurgia possa pairar como uma sombra sobre essa importante decisão. No entanto, a Castração emerge não apenas como um ato de responsabilidade, mas como um marco decisivo na promoção do bem-estar e qualidade de vida para os animais que fazem parte da nossa família. 

Ao longo deste artigo, exploraremos em detalhes a importância da Castração de Cães e Gatos, desmistificando concepções errôneas, destacando os benefícios para a saúde e abordando as preocupações mais comuns dos tutores. 

O que é Castração? 

A castração é o nome popular para os procedimentos cirúrgicos Orquiectomia (para os machos) e Ovariohisterectomia (para as fêmeas) nos cães e gatos. A Orquiectomia consiste na retirada dos dois testículos, enquanto a Ovariohisterectomia consiste na retirada dos ovários e do útero. 

Quais são os benefícios da castração? 

Controle Populacional 

Em um mundo onde a superpopulação contribui para a triste realidade de animais abandonados e sem lar, a castração emerge como um ato de responsabilidade, uma escolha proativa para interromper o ciclo indesejado de reprodução descontrolada e diminuir o número de animais que sofrem nas ruas.Este controle é de extrema importância não só para o bem-estar animal, mas também para a saúde pública, reduzindo a ocorrência de acidentes e zoonoses (doenças transmissíveis de animais para seres humanos). Apesar de crime no Brasil desde 1998, previsto na Lei contra Crimes Ambientais nº 9.605/98, em 2022 foram contabilizados 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães abandonados no país, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Prevenção de Doenças 

A castração previne doenças graves como Câncer de Mama e Piometra nas cadelas e gatas, ambas doenças com alta prevalência na rotina clínica veterinária. 

A Piometra é uma infecção uterina grave, que acomete de 9 a 15% das fêmeas de meia-idade a idosas (Alves, 2020). Esta afecção é responsável por grande parte das emergências veterinárias e pode levar o paciente ao óbito. Como a castração consiste na remoção dos ovários e do útero, é o procedimento de eleição para evitar que ocorra a doença. 

O Tumor de Mama é o tipo de tumor mais comum em cadelas e o terceiro mais comum em gatas. Segundo o CFMV, acomete 45% das fêmeas caninas. Na maior parte das vezes é maligno (“Câncer de Mama”), chegando a 80% dos casos nas gatas. Sabe-se que a castração é uma das melhores formas de prevenção do câncer de mama. Segundo o “Consenso de Diagnóstico, Prevenção e Tratamento do Tumor de Mama em Cães e Gatos” (2020), o procedimento cirúrgico diminui em até 91% o risco de desenvolver a doença nas gatas. Já para as cadelas, a probabilidade de aparecimento fica reduzida para 0,05% quando castradas antes do primeiro cio, de 8% após o primeiro cio e de 26% após dois ou mais cios (Nelson & Couto, 2015). 

Para os machos, a castração evita alterações de próstata como a Hiperplasia Prostática Benigna (HPB) e o Câncer de Próstata. Além disso, também atua na prevenção de distúrbios como torção do cordão espermático, orquite, epididimite e prostatite crônica, e é tratamento de neoplasias testiculares e adanais. 

Redução de Comportamentos Indesejados 

Durante a juventude do animal, a castração também é indicada para diminuir os problemas comportamentais associados aos hormônios sexuais, como monta, marcação territorial, agressividade, comportamento de fuga e ansiedade de separação, promovendo uma convivência mais harmoniosa e diminuindo a probabilidade de conflitos com outros animais. 

Porém é importante lembrar que há outros fatores envolvidos nos comportamentos dos animais de estimação, como a educação e socialização que recebe principalmente enquanto filhote. 

Qual a idade recomendada para castrar? 

A questão da idade ideal para a castração pode gerar dúvidas. Os tutores podem se perguntar se existe uma janela específica de oportunidade ou se a castração pode ser feita em qualquer fase da vida do animal.

Por muito tempo foi recomendado a castração precoce das fêmeas, antes da maturidade sexual (antes do primeiro cio), com o objetivo de prevenir doenças como o câncer de mama. A chance de desenvolver essa doença é de 0,05% em cadelas castradas antes do primeiro cio, 8% entre primeiro e segundo cio e 26% após o segundo cio, aumentando exponencialmente a cada ciclo estral. Já para as gatas, que não tem um ciclo estral tão regular como as cadelas, utilizamos a idade como referência. Segundo estudos, a castração até os 6 meses de idade reduz em 91% a chance de desenvolvimento de câncer de mama, entre 6 e 12 meses em 86%, caindo para apenas 11% após o primeiro ano de idade. 

Porém, hoje em dia a literatura nos aponta diversos riscos associados à castração precoce como incontinência urinária, maior predisposição à alguns tipos de câncer como osteossarcoma, linfoma e mastocitoma, além de alterações ortopédicas como displasia coxofemoral e ruptura do ligamento cruzado cranial. Portanto, a idade de castração recomendada para as gatas é entre 6 e 12 meses de idade, e para as cadelas o mais recomendado é entre o primeiro e segundo cio (geralmente entre 6 e 12 meses de idade). 

Para cães e gatos machos, a castração pode ser realizada a partir dos 6 meses de idade. No entanto, em algumas situações específicas, como em animais de grande porte, os veterinários podem recomendar a castração em uma idade um pouco mais avançada. Da mesma forma que para as fêmeas, a castração precoce também traz malefícios associados à imaturidade como problemas ortopédicos e ainda oncológicos, portanto é importante aguardar o indivíduo finalizar a fase de crescimento e atingir a maturidade sexual. 

Ainda é possível e inclusive recomendável a castração mesmo que o animal já seja adulto. No entanto, é preciso entender que apesar da técnica cirúrgica ser a mesma, os sistemas cardiovascular, respiratório, renal, hepático, termorregulador e metabólico de um filhote são diferentes de um animal adulto ou idoso. Por isso, é ainda de maior importância um check-up prévio e cautela durante a cirurgia a para evitar complicações. 

O que é preciso fazer antes de castrar um cão ou gato? 

É preciso agendar uma avaliação pré-cirúrgica com o Médico Veterinário, onde será avaliado o estado geral do animal por meio de um exame físico. Depois, são solicitados os exames pré-operatórios, que consistem normalmente em um check-up de exames de sangue (hemograma, perfil renal, perfil hepático, glicemia, coagulação, etc.) e exames cardiológicos (ecocardiograma e eletrocardiograma). 

Como funciona a anestesia de cães e gatos? 

Ao considerar a anestesia para seu animal de estimação, é natural ter dúvidas e preocupações, e entender como funciona pode ajudar o tutor a se sentir mais seguro em relação ao procedimento.

É importante entender que qualquer anestesia envolve riscos, no entanto a avaliação e os exames pré-operatórios permitem aos veterinários adaptar a abordagem anestésica, selecionando o melhor protocolo para cada paciente e melhorando a segurança anestésica. 

Outro ponto crucial é o tipo de anestesia. Existem duas abordagens: a Anestesia Inalatória, que é realizada por meio de gases inalados e proporciona um maior controle da profundidade da anestesia, e a Anestesia Injetável, que é realizada por meio da administração de injeções e pode ser menos previsível na resposta do animal. A escolha entre ambas dependerá do tipo de procedimento e da saúde do animal, com veterinários decidindo com base na segurança e bem-estar. O tipo de analgesia indicado também dependerá da avaliação do veterinário, mas deve sempre estar presente no protocolo anestésico, de forma que o animal não sinta dor durante a cirurgia. Independente do tipo de anestesia escolhida, é de extrema importância a presença de um profissional especialista qualificado, que acompanhe o paciente durante todo o procedimento até a completa recuperação anestésica. 

Como é a recuperação da cirurgia de castração em casa? 

Após o procedimento cirúrgico, é vital que os tutores adotem cuidados específicos para garantir a recuperação adequada do animal. Esses cuidados incluem a limpeza da ferida cirúrgica e troca de curativos, uso de colar protetor e/ou roupa cirúrgica para proteger a ferida, administração correta das medicações prescritas e repouso. Deve-se monitorar também o aparecimento de qualquer complicação, e retornar ao veterinário caso haja alguma intercorrência. A retirada dos pontos geralmente ocorre após 10 a 15 dias, conforme orientação do veterinário. Após receber alta, o animal pode retornar à vida normal sem restrições. 

Dúvidas Frequentes Sobre a castração de cães e gatos

Há alternativas não cirúrgicas para a castração de cães e gatos? 

A cirurgia é o método mais seguro e eficaz para inibir os hormônios sexuais. O uso de contraceptivos (também conhecidos como anticoncepcionais ou anticio para cadelas e gatas) NÃO É RECOMENDADO, uma vez que predispõe a sérios problemas como piometra, hiperplasia endometrial cística, tumor de mama, aborto, diabetes mellitus, obesidade, supressão adrenal, incontinência urinária, alterações hepáticas, anemia, entre outros. 

Há alguma contraindicação? 

Embora a castração seja geralmente segura e benéfica para a maioria dos cães e gatos, existem algumas situações em que o procedimento pode ser contraindicado, como animais extremamente jovens ou pacientes com condições de saúde pré-existentes. Por isso, cada paciente deve ser avaliado por um Médico Veterinário antes da cirurgia, por meio de

avaliação clínica e exames pré-operatórios. Além disso, é contraindicado realizar a castração de fêmeas no cio, devido ao maior risco de complicações cirúrgicas como hemorragia. 

Há complicações e riscos? 

No caso da Orquiectomia nos machos, a cirurgia é realizada por meio de uma pequena incisão próxima ou no escroto para a retirada de ambos os testículos. É um procedimento bastante rápido e considerado simples, com baixo índice de complicações. Já para a Ovariohisterectomia das fêmeas é necessário o acesso à cavidade abdominal, seja por laparotomia (modo convencional) ou videocirurgia (menos invasiva, porém de alto custo), e por isso apresenta maior risco e possibilidade de complicações, além de exigir maior competência técnica do cirurgião. As principais complicações envolvem hemorragia, infecção, deiscência de pontos, resquício de ovário, seroma e hematomas. É importante ressaltar no entanto que a experiência do profissional e o cuidado do tutor na recuperação em casa são cruciais para diminuir essas possibilidades. 

Castração engorda? 

A obesidade atinge até 50% dos animais castrados, influenciados pela menor necessidade energética requerida do animal castrado em relação ao inteiro. Porém cabe destacar que fatores como dieta incorreta e falta de atividade física têm um papel muito mais importante no desenvolvimento da obesidade nesses casos. Ou seja, o animal castrado não desenvolverá obesidade se manter um estilo de vida saudável, com controle de dieta adequado e exercícios físicos regulares. 

Castrar muda a personalidade ou a identidade de gênero? 

A castração NÃO muda a personalidade do animal. Há inclusive um mito de que a castração “tira a masculinidade” do pet. Isto é uma crença equivocada, pois a castração não afeta a identidade de gênero. Existe uma diferença significativa entre a função reprodutiva e o comportamento associado à masculinidade. Os traços individuais, como a afetuosidade e o temperamento, permanecem intactos após a cirurgia. 

Ele não vai levantar a perna para fazer xixi? 

A castração pode ajudar a minimizar comportamentos indesejados, como marcação de território. Porém, quando o animal já levanta a perna como um hábito, mesmo após a castração ele provavelmente continuará com este comportamento. Da mesma forma, pode ocorrer do animal ser castrado antes de criar o hábito quando filhote, mas depois adquirir o comportamento por meio da observação de outros cães durante os passeios. 

Ela não vai mais entrar no cio?

Primeiramente, vou explicar o que é cio. Diferente do que pode-se pensar, o cio não é como a menstruação das mulheres, por mais que haja semelhanças. A menstruação feminina ocorre após a ausência de fecundação, onde a camada que reveste e prepara o útero para a gestação é eliminada pela vagina, causando o sangramento em cada ciclo, sendo quase exclusiva dos mamíferos primatas. Já nas fêmeas das demais espécies, essas camadas são reabsorvidas pelo corpo ao invés de eliminadas. Nas cadelas, o sangramento que vemos no cio acontece por um aumento do fluxo sanguíneo dos vasos vaginais pelas alterações hormonais na fase anterior ao período fértil, que podem se romper e causar a característica secreção sanguinolenta do cio, junto com outros sintomas como inchaço da vulva, vermelhidão discreta na região, lambedura genital, carência e inquietação. Quando não há tanto fluxo sanguíneo, podemos ter o chamado “cio seco”, onde não notamos secreção e o cio pode passar despercebido. 

Já que a cirurgia de Ovariohisterectomia consiste na retirada dos ovários e do útero, não há estímulo hormonal e portanto o animal NÃO entra mais no cio após o procedimento de castração. 

É bom cruzar a fêmea pelo menos uma vez antes de castrar? 

Não há evidências científicas que comprovem que cruzar uma vez antes da castração traz benefícios significativos à saúde reprodutiva do animal. 

Tamanho da ferida cirúrgica 

É comum associar o tamanho da ferida cirúrgica à qualidade do procedimento, mas é importante desmistificar essa crença. O tamanho da incisão não é um reflexo direto da habilidade do cirurgião; ao contrário, ele está intrinsecamente ligado à necessidade de garantir uma visão clara e segura das estruturas durante o procedimento. A verdadeira medida da habilidade do cirurgião reside na precisão, técnica e cuidado demonstrados durante a operação, não no tamanho da incisão. É fundamental confiar na experiência do cirurgião, reconhecendo que a qualidade do procedimento vai além da superfície externa da ferida cirúrgica. 

Conclusão 

Espero que este artigo tenha proporcionado uma compreensão abrangente sobre a importância da castração de cães e gatos. A decisão de castrar seu animal de estimação é uma escolha responsável que contribui não apenas para o controle populacional, mas também para o bem-estar e saúde dos nossos queridos amigos de quatro patas. 

Ao considerar a castração, a busca por um profissional qualificado e experiente é crucial. A reputação, experiência e formação do cirurgião são pilares para garantir que seu companheiro receba cuidados cirúrgicos de alta competência e segurança.

Se a castração está nos seus planos, saiba que estou à disposição para oferecer serviços especializados de cirurgia aqui, no Guia Vet! Na minha Vitrine M.V. Anna Luiza C. Pollon | Guiavet, você pode agendar uma consulta de avaliação pré-cirúrgica diretamente comigo. Estou ansiosa para conhecê-los e discutir como posso contribuir para a saúde e felicidade do seu fiel companheiro! 

Agradeço pela leitura atenta deste artigo e espero que as informações compartilhadas tenham sido esclarecedoras e úteis. Compartilhe estas informações com outros tutores para promover a conscientização sobre a importância da castração! Pela Vitrine Guiavet você poderá encontrar profissionais que possam tirar suas dúvidas e realizar o procedimento de castração de cães e gatos perto de você. Que a jornada de cuidados com seus animais seja repleta de amor e saúde!

Postado em
January 11, 2024
na categoria
Saúde

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